segunda-feira, 5 de julho de 2010

"Ali Químico" chocou o mundo com genocídio curdo

Ali Hassan al-Majid, conhecido como "Ali Químico", será executado por comandar a campanha Anfal, o genocídio no final dos anos 80 de milhares de curdos no norte do Iraque, após a aprovação hoje do Conselho da Presidência do Iraque.

O primo de Saddam - e um de seus principais homens de confiança - nasceu em 1941 em Tikrit, na mesma cidade iraquiana onde nasceu o ex-ditador iraquiano e que depois daria nome ao clã familiar que professou uma lealdade inquestionável ao líder enquanto este esteve no poder.

"Ali Químico", a mais brutal autoridade do regime de Saddam, cresceu politicamente à sombra do ex-presidente iraquinao, que regeu os destinos do país durante 24 anos.

Por pertencer ao clã Tikrit, conseguiu rapidamente o cargo de ministro da Defesa, assim como sua inclusão no Conselho do Comando Revolucionário, a instância suprema de poder do antigo regime.

Majid estava à frente do Exército quando, em 1988, não hesitou em utilizar gás venenoso para reprimir a rebelião por autonomia do Curdistão iraquiano, que acabou - segundo a acusação que o levou à pena de morte - com o massacre de 180.000 curdos.

A feroz repressão, que só na cidade de Halabja deixou em um dia mais de 5.000 vítimas, valeu a Majid a alcunha de "Ali Químico".

Em 1990, o Iraque ocupou Kuwait e Saddam premiou Majid por sua fidelidade ao regime com o cargo de governante do Kuwait. O Governo de "Ali Químico" à frente da "19º província" do Iraque foi, no entanto, efêmero.

Em fevereiro de 2001, a coalizão internacional libertou o Kuwait e Majid foi nomeado ministro do Interior.

Também teve papel fundamental na violenta repressão após a rebelião protagonizada pelos muçulmanos xiitas em 1991, o que só aumentou a lenda de que era um homem sem piedade.

A mesma atitude ficou evidente em 1996, quando não duvidou em matar dois sobrinhos, casados com duas filhas de Saddam e que tinham deixado o país no ano anterior.

Em 1997, ganhou a direção dos temidos serviços secretos iraquianos e do partido governamental Baath no centro e no sul do país, onde simbolizou como ninguém a repressão do regime, reprimindo qualquer vestígio de revolta.

Nos meses anteriores à invasão americana que, em abril de 2003, derrubou Saddam do poder, dirigiu as operações do Exército no sul do país e realizou uma viagem por várias capitais árabes em busca de apoio.

Grupos de defesa dos direitos humanos pediram na época que fosse detido por crimes de guerra, mas "Ali Químico" desapareceu quando começou a disputa.

A imprensa chegou a afirmar depois que Majid tinha morrido em um bombardeio da coalizão internacional na cidade de Basra.

No entanto, todas as dúvidas ficaram resolvidas após sua detenção, em 23 de agosto de 2003, pelas forças dos EUA mobilizadas no Iraque.

Majid estava então em quinto lugar na lista dos 55 iraquianos mais procurados pelos Estados Unidos, e era o rei de espadas no baralho feito pelo Pentágono onde estavam os principais colaboradores do regime de Saddam.

Analistas internacionais afirmaram na época que a captura de "Ali Químico" significou a perda dos últimos suportes principais de Saddam na clandestinidade.


Fonte:http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI2647269-EI308,00.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário